quarta-feira, 9 de maio de 2007
O poeta da Bahia a todo gosto.
Gosto
investigue a minha vida,
feche todas as saídas
e me exponha no jornal
remexa meus papéis,
reveja meus postais,
escute meus vinis
tire-me um completo raio x
e disseque a minha alma com suas armas
(e se canse de brincar com suas navalhas)
e se disser que é inatingível o meu sabor,
que o meu gosto nunca dá pano pra manga,
experimente começar do marco zero
(que o marco zero de meu gosto é minha língua)
Carlos ETC
Vindita bacana
nas vivendas do umbuzeiro miúdo,
onde a luz é repelida e ocultada,
uma bruxa, um cão e o súdito mudo
vestem branco pra mais nova empreitada
ela ensaia o mais recente projeto:
chicotar mais um dos alvos mortais
com sua vara envenenada em dejeto,
resultado de sua fome voraz
testa a língua laminada em seu servo
-- incapaz de reagir com um 'não' --
e prossegue planejando em qual nervo
vai mirar e disparar seu arpão
ia assim, dissimulada de bem,
solfejando uma divina canção
com a língua que servia também
de tridente emporcalhado do cão
só que, nessa, se deu mal a maldita,
porque a vítima era amada de Deus;
logo, teve que aceitar a vindita
de engolir seus tribunais fariseus
Carlos ETC
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Um comentário:
Muito obrigado por esta postagem com poemas meus, meus caros Marcos e Osvaldo!
Estou em débito com a comunidade Overmundo, mas principalmente com vocês, de quem passei a admirar os trabalhos e os jeitos de ser.
Muito obrigado e um grande abraço!
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