sábado, 11 de agosto de 2007

Sentimentos


O sentimento que somos, acolhe o tempo, perpetua o sempre, distrai o imaginário, guia o espírito e sorri. Enquanto houver sentimento, haverá inovações, renovações, versos, muitos versos, para com eles nos decifrarmos.

Há sentimentos que morrem com a aurora, há sentimentos que perduram por noites inglórias, há aqueles que nos fazem perder a hora, o trabalho, a escola...Há sentimentos plausíveis, há sentimentos resgatáveis, mas há aqueles também perdidos no passado, sem futuro, em luto, embriagados.

A alma nos traz sentimentos, e com eles elaboramos o pensar: o momento de acordar depende da cor do dia. Sentimentos são mutáveis mas não são mensuráveis, nem tampouco dispensáveis. E o viés de um sentimento pode variar cem por cento, conforme aquilo que o instante irradia.

Assim, sentir é pensar duas vezes, pensar os fatos, a realidade, e pensar cá conosco, com nossos botões, aquilo que fica entre nós e as paredes. Para ficar mais claro: sentir é como arremessar uma rede, pesca de todos os tamanhos. O primeiro pensamento é pujança, peixe para alimentar as crianças, a senhora, por semanas. O pensamento seguinte é o ato em si. Jogar fora a raia miúda, aqueles fora de época, os pequenos, os filhotes, os sem sorte, aqueles que aguardam apenas a morte...e por aí vai...

Sentir , afinal, é colorir um pouco a visão, perder um pouco o domínio do chão e fluir, rumo às lonjuras do porvir...


Texto de Marcos André Carvalho Lins
Imagem Osvaldo Barreto

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