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Photo Credit: Osvaldo Barreto |
Infância
Sei das abelhas,
Pedaços de vida
O dia castanho
Doces conselhos
Sei das cartas
Vida em papel
Lapso de tempo
Lendo-as devagar
Sei da cantiga
Que criou-me a ninar
Nos olhos : o sono
No sono: passarinhos
E o entardecer era apenas o céu maduro despencando
sobre nossas cabeças...
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Interfaces
Pessoas,
Símbolos,
Faces,
A vida estabelece as interfaces,
Do chão , poeira
Nos ouvidos, zoeira
Nos olhos, vivências límpidas
E no coração, os sonhos silenciosos
(...comungam da mesma dor aqueles que transcendem
o patamar estático da viv´alma... )
No jardim onde brotaram contos de fadas,
Hoje descansam perdidas azaléias e mágoas...
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Tiro no escuro
Há na mesa um silêncio,
Três choram, três se ignoram
Triste trilogia da decepção,
(sobre a mesa, um corpo teso, frio, cinzento)
Morreu porque tinha como sina,
Como vocação, como sorte ou azar,
Não correr de ladrão
Era guarda-noturno
O outro, um gatuno
De arma em punho
Podia chamar-se Severino,
Uma esposa,
Um menino,
Um bom coração
Quis a vida levá-lo, do mundo era escravo
(o muro mais alto)
Coral abstrato
Primeira voz da milícia...
Medo não tivera, quando a noite enfim se desfaz
A poesia de uma vida é o que fica pra trás...
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