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Photo Credit: Osvaldo Barreto |
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Porta-bandeira
Ruas tortas.
Passos enviesados.
Desatino numa escrita
Senil
Pensamentos desorientados.
Bandeira
dos costumes.
lembrados.
Força viril.
Negrume...
Negro sangue
jorrado.
Na brancura
amargo
Fez a dor
Cantar dilacerado.
Lirismo a deflagrar
Afeto despedaçar.
Tambor a compassar.
Letras a me escapar.
Cadência alucinar.
Desvario a me tocar.
Pernas a bailar.
Angústia de te amar...
E acompanhava a multidão
a mulher negra e o estandarte
Descendo ruas de solidão.
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Suicídio empírico
Comprei uma lata de sardinha, farinha e tomates
na barraca de Zé .
Acendi o fogo e assei tudo.
A sardinha, a farinha, o tomate,
a confusão, a depressão e as dúvidas.
Degustei tudo ao sabor da culpa.
Ouvindo o pipilar dançante da solidão.
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Circunda
A pobreza nos circunda,
Emporcalha idealismos mentirosos
Escuridão que não facunda.
Viela brasileira.
Alguns pobres-diabos arrastando-se a pedir esmolas
A pedir desculpas,
A pedir socorro,
A pedir escolas.
Lágrimas correm desoladas
Na falta de perspectiva.
Na falta de opção
Condenados à submissão
Nessa dura fotogenia
Engolindo uma democracia
Cheia de desigualdade
Sem generosidade
Sem educação.
Um Zé, uma Maria
Que não podia ter
Crescer,
Ser.
A contemplar a concentração de um poder
Corrupto,
Sem sossego
Sem emprego
Sem nação.
Uma circunstância
Agravante.
Desmoralizante.
Efígie de população.
E um grito ecoa em avenidas
-A prioridade é iminência.
Escolas, colégios, academias
E não deposito de gente!
Não quero mais
Viver num país de indigentes.
Carente.
Cadáver.
Enquanto isso a população desolada
Busca saída numa
Alienada bola.
Alienando a imaginação.
Osvaldo Barreto é fotógrafo formado pelo SENAC-PE e estudante de Filosofia da Universidade Federal de Pernambuco.
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