A ninhada
Poderia ter amado aquele cão que rodeia a mesa dos poetas,
ter dado migalhas que saiam da saliva doce do álcool,
festejar com sinceridade o gruído animalesco do infeliz
e não ter exigido que balançasse o rabo para não te parecer animal.
A ninhada sobrevive na angustia de ter te perdido.
Mais alimentada, mais confusa e mais infeliz...
A ninhada que tu rejeitasses nasceu morta.
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Rua
Foi em rua de barro que nasci,
em barro meus sonhos cresceram.
Na rua...
Na rua de asfalto foi onde a realidade me engoliu,
engoliu a de barro.
O piche tapou o chão,
o homem,
o grito.
O chão não respirou mais.
Piche quente matou amor.
Ardeu, derreteu, nasceram bolhas nos meus pés.
Suplício....
A rua de barro, agora de pus,
mordaça,
silêncio e
Sossego...
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Loucura
Loucura
cínica e
vagabunda
que me massacra,
me endoida,
Maldita!!
Bebe,
Grita,
Rasga,
Rir,
Engana,
Aniquila.
Insana!
Covarde,
Vadia,
Ingrata,
Dissimulada,
Vaguei,
Dissolve,
em mim...
Osvaldo Barreto
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Anteriores:
Ternura, Sinopse, O dia. (José Dagostim)
“Misteriosamente”, “Imprescindível Noite Do Ser”, “Ah! Esse Coração” (Brigitte Luiza)
Teu dolo, Poesia barata, Deus Grego (Oterrab Filo)
Miragem, Elementos, loucos e Loucos. (José Dagostim)
Lamúria
Ventania, Silêncio Raro, Disfarce (Brigitte Luiza)
Poemas de Brigitte (Acontece Que, Quantum Satis , Noite Fria)
Aurora, DA FARRA FILOSÓFICA, Travessia, RAIO XIS (Jesus)
Porta-bandeira, Suicídio empírico, Circunda
O silêncio, Gestos de busca, LUTO, ESTRELAS NUAS.
Ser humano, SER, APENAS AMAR, Beneditas
A fonte (Infância, Interfaces, Tiro no escuro)
Receita de ano novo
Feliz...
No princípio
Urbe
Valeu, Leandrão!!!
Saudades
Cosmo
Para ti
A rosa e o vento
Toda saudade que existe
Ser grande
Latifúndio
Caminhos
Sentido
Abraço
Sou em ti porque és em mim.
Cemitério Clandestino
CARTA ( PÓSTUMA ) À MINHA VÓ
MINHA AVÓ-MARIA DA GLÓRIA LEITE CARVALHO
Sereia (Oscar Rosas)
Reparem nesse bronze, veia a veia,
Cornucópia de seios e de escama,
Obra de um japonês, em que o Fusi-Iama
Adora o mar em enluarada areia.
Canta, e essa harmonia nos golpeia.
É duma triste e solitária gama,
Porém aumenta desse bronze a fama
O olhar amortecido da sereia.
Penso que sonha o pólo e o nevoeiro,
E a pálida talhada de um crescente
Num céu de véus de noiva e jasmineiro.
E, como búzio a referver, ressoa
Numa langue preguiça de serpente,
Num êxtase nostálgico de leoa.
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