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Cultura com Qualidade |
Depois lembrei da minha infância. Era outro sintoma dessa angustia; Lembrar de todos os passos que dei. E lembrei quando era uma menina e como o mundo era simples, tudo muito simples, ...simples... Parei de recordar quando a caneca de porcelana queimou a minha mão. “Quem a colocou aqui? Quem colocou essa maldita entre meus dedos?” Provavelmente ninguém. Estava sozinha em minha casa. Não poderia ser ninguém.
Sentei na varanda e comecei a buscar as razões. “Quem foi o culpado?” “Por que sou assim?” As respostas brotavam despóticas comprimindo meu peito. Uma saraivada de certezas borbulhava no meu cérebro a me castigar. Coloquei a cabeça entre as mãos e espremi com força. Ato inútil. A angustia estava bem colada no céu do sentir.
Não percebi que meus olhos estavam inchados e a minha aparência era de monstro. Até me surpreender com imagem contorcida no reflexo da garrafa de café. O meu rosto tomava formas muito mais ovais e meus olhos rubros de dor davam um toque demoníaco ao meu retrato.
Sempre pensei que nesses momentos poderia fugir e me esconder na praia até passar a tempestade, porém não é prudente fazer isso. Alguém poderia pensar que eu seria capaz de alguma loucura e isso me deixaria mais furiosa e irracional. Mas nesses casos as pessoas estão liberadas para serem irracionais.
“Tudo certo! Tudo bem!” Quantas vezes eu disse isso hoje e direi por muito tempo até todos esquecerem. Até voltar ao normal. Mas será que vou querer ser normal? ... Não sei! A normalidade agora será um luxo fútil. Algo supérfluo nesse mar de canivetes.
Tenho uma ferida imensa que nenhum grito foi capaz de arrancar. Nenhum mar será capaz de sufocar. Nenhum amor será capaz de substituir. A minha vida passou entre meus dedos e não tive como segurá-la. Meu sorriso secou, meus olhos cegaram, minha boca silenciou.
...Meu filho, por que tu morreste...?
Texto de Osvaldo Barreto.
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Tu


Dom Hélder Câmara (Fortaleza, 7 de fevereiro de 1909 — Recife, 28 de agosto de 1999)


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