Pega, pega
Ele roubou o meu relógio!
E tu ?
O que roubaste dele?
Talvez dignidade e cidadania.
Reservaste para ele o batismo de fogo,
Enquanto os teus se banhavam na pia batismal
Quantas vezes olhaste nos olhos dele?
Verias que estes não lhe pertencem mais,
A íris há muito perdeu o viço
Vagam apenas como abóbadas apagadas
Sentem apenas o frio cortante da madrugada.
Ergues contra ele todo teu ódio,
(nunca levantaste o braço para os teus)
São criaturas por ti amordaçadas
Não gritam
Não explodem
Apenas perambulam
O que é um relógio?
Para ti, horas, minutos e segundos
Para ele, um prato de refeição
Preocupam os índices de violência?
Não questionas se as escolas são decentes
Esqueces que o verdadeiro aprendizado vem de reformatórios
Trata-se de anjos penitentes
Que pagam caro pelo pecado original
Não pediram pra nascer
Muito menos para experimentar da vida, o mal
Esperam uma ajuda qualquer
(na graça divina já perderam a fé)
Restam bolsas, relógios e acessórios
Pois não sabem o que é um game
Jogam com os dados da nececessidade
A única coisa que ainda prezam é a liberdade
E isto também querem lhe roubar
Quem é o verdadeiro ladrão?
Por favor,
Olha no espelho,
Reflita com calma, sobre culpa e compaixão.
Não digas um não.
Tente furtar-lhe um sorriso.
Não há nada de mais precioso do que fazê-lo se sentir criança.
Texto de Marcos André Carvalho Lins
Imagem de Osvaldo Barreto
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